Por: Bráulio Wilker Silva

“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.”
Albert Einstein



A criatividade nada mais é que a capacidade de selecionar, organizar, associar, transformar e estruturar conhecimentos e experiências passadas com os conhecimentos e percepções presentes, produzindo combinações úteis. Ser criativo é associar um cheiro, um sabor, uma música, um algoritmo, um problema, um texto, um desenho (...) a uma situação presente, produzindo novas possibilidades. As pessoas mais criativas são sempre aquelas que manipulam mais informações, pois a realidade para elas se apresenta em um universo rico em operações. Portanto, qualquer atividade que enriqueça nossas experiências e conhecimentos facilita a atividade criativa. Os “Gênios criativos” se aprofundam em sua área de atuação, interiorizando múltiplos problemas e soluções, desta forma, nenhum problema é completamente novo frente a um vasto repertório de estratégias e padrões.

A criatividade não envolve apenas informações e combinatória. É a pessoa com inteligência, desejos, vontades, sentimentos que desenvolve a criatividade. Dentre as muitas maneiras de incentivar a criatividade sugiro:

ELIMINAR MODELOS MENTAIS QUE LIMITAM A ATIVIDADE CRIATIVA. Todos nós possuímos imagens fortemente arraigadas acerca do funcionamento do mundo. Imagens que limitam nossas formas de pensar e agir. Podem ser expressos em afirmações simples, “quem ajuda o outro se prejudica”, ou em teorias complexas. Os modelos mentais moldam a maneira como percebemos e agimos. Pessoas diferentes podem estar diante de situações idênticas e descrevê-las de forma distinta. O grande problema dos modelos não é eles estarem certos ou errados, todos são simplificações. O problema é eles existirem num nível tácito, abaixo da consciência. Num ambiente cada vez mais dinâmico, os modelos se distanciam da realidade, se revelando cada vez mais defasados e contraproducentes. O desafio é transformar um modelo tácito em um modelo explicito, criticando-o, avaliando sua adequação com a realidade, e nos libertando das amarras da aprendizagem, inovação e criatividade.  


FOMENTAR O DOMÍNIO PESSOAL. A palavra domínio normalmente sugere controle sobre pessoas ou coisas, mas também pode significar um elevado nível de proficiência. O domínio pessoal nos permite alcançar os resultados mais importantes, e passar a ver a vida como um artista vê uma obra de arte. O domínio pessoal amplia nossa visão pessoal, concentra nossas energias, amplia a paciência e nos permite ver a realidade objetivamente. O domínio pessoal mostra o que é realmente importante para nós e suscita-nos agir para a consecução dos nossas mais altas aspirações. É encarar a vida como uma tarefa criativa, vive-la criativamente, e não reativamente. O desejo e a capacidade de criar existem em todos nós, mas é difícil criar quando se tem baixo nível de proficiência nos aspectos pessoais e profissionais.

MANTER A TENSÃO CRIATIVA. O hiato entre nossa visão e a realidade muitas vezes nos assusta. “Queria exercer a profissão que gosto”, mas “tenho que ganhar dinheiro”. “Queria ser um empresário de sucesso”, mas “não tenho capital”. Esses hiatos dão a impressão que uma visão é irreal, ilusória. Podem desestimular e desanimar. Mas também, podem ser fonte de energia para criar soluções e tornar a visão uma realidade. A tensão criativa não pode ser confundida com a tensão emocional, associada ao estresse, ansiedade, preocupação, tristeza ou desestimulo. O processo criativo não é sinônimo de ansiedade. As emoções negativas não constituem a tensão criativa. Quando se confunde tensão criativa com tensão emocional a tendência é reduzir a visão com o intuito de reduzir as emoções negativas. “Não queria mesmo fazer aquela viagem. Gastar dinheiro para que?”, “Aumentar as vendas em 20% no primeiro semestre é impossível. Somos vencedores, as vendas cresceram 2%”. Ao reduzir as metas reduz-se também a tensão emocional, mas aumenta-se a distancia entre o que realmente se quer e a realidade. Trata-se de um alivio sintomático. A erosão das metas ocorre quando não se consegue viver sob tensão, desta forma, sobrevém a mediocridade e o acomodamento. As mudanças só ocorrem quando a situação atual difere da visão. O individuo passa a ver a realidade não como inimiga, mas como aliada na concretização de suas metas. Portanto, a tensão criativa é a mola propulsora da criatividade. Nas palavras de Robert Fritz: “As pessoas realmente criativas sabem que toda criação é atingida ao trabalhar com restrições. Sem restrições não existe criação”.

UTILIZAR A INTUIÇÃO. Após um longo período sendo ignorada, a intuição vem ganhado espaço no universo corporativo. Usada por muitos gerentes experientes no processo decisório, ao reconhecer padrões e analogias com elementos aparentemente divergentes. A intuição nada mais é que a compreensão integral e imediata de uma verdade, fato ou objeto. É quando percebemos, num só lance, a resposta de um problema. Para a professora Marilena de Sousa Chaui, a intuição intelectual é “o conhecimento direto e imediato dos princípios da razão (identidade, contradição, terceiro excluído, razão suficiente) das relações necessárias entre os seres ou entre as ideias, da verdade de uma ideia ou de um ser”. É um processo de raciocínio inconsciente que conecta fragmentos de informações/conhecimentos e nos dá aquela boa ideia, a solução criativa, o... eureca!!! A intuição pode ser o destino na construção do conhecimento e pode ser o inicio de um processo cognitivo. Devemos ouvi-la, mas também verificar sua validade.

DESENVOLVER O PENSAMENTO SISTÊMICO. Pensar de maneira sistêmica significa reconhecer ações aparentemente distantes no tempo e espaço como conectadas em um mesmo padrão. Normalmente tentamos resolver problemas concentrando-nos em partes isoladas do todo. Observar o todo é essencial para fomentar uma solução criativa.