Por: Bráulio Wilker

Toda organização precisa ter objetivos de desempenho de produção claramente definidos não só para nortear a empresa, mas também para permitir o monitoramento e controle completo dos processos produtivos com o fito de aprimorar e atingir os resultados pretendidos. A importância do estudo dos objetivos de produção reside em duas questões:

1. O que esperar da produção dentro das organizações?

2. Quais são os indicadores de performance específicos para a avaliação da produção quanto aos seus objetivos estratégicos?

É impossível saber o quão bem-sucedida é uma operação quando não há clara especificação dos objetivos de desempenho aos quais se mede o sucesso da operação.

A FUNÇÃO PRODUÇÃO

A função produção relaciona-se diretamente com os objetivos estratégicos da organização. Basicamente, três razões justificam a existência da função produção nas empresas: ela operacionaliza as estratégias empresariais; serve de apoio as estratégias; impulsiona as estratégias.

1. OPERACIONALIZAR AS ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS: A função produção é que coloca as estratégias empresariais em prática. Por exemplo, uma loja possui a estratégia de aumentar o número de clientes em 50% em seis meses. É a função de produção que busca colocar em prática essa estratégia. É a produção de marketing quem precisa atrair os clientes com promoções e preço adequado. A produção de recursos humanos precisa treinar os colaboradores para atingir o resultado esperado. A função produção terá que supervisionar as instalações da loja, seu arranjo físico, bem como a qualidade, disponibilidade dos produtos a venda. Fica claro, portanto, que as melhores estratégias podem ser inúteis se a função de produção for ineficaz.

2. APOIO AS ESTRATÉGIAS: fornece as condições necessárias para que a organização atinja seus objetivos estratégicos.

3. IMPULSIONA AS ESTRATÉGIAS: proporciona diferencial competitivo em longo prazo, o que impulsiona a estratégia. Quando a função produção proporciona vantagens nos curto e longo prazo impulsiona a estratégia para que essa se mantenha garantindo competitividade. O contrario também ocorre, quando a função de produção é ineficaz, é quase certa uma mudança de estratégia.


AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO DE PRODUÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

A avaliação da produção passa, necessariamente, pela análise de suas aspirações organizacionais. Fazemos isso pelo Modelo de quatro fases, desenvolvido por professores da Harvard University e da University of Southern California.

FASE 1: Nesta fase a função produção mantem-se neutra ou pode prejudicar as estratégias da empresa. Esta fase é marcada pela neutralidade e pouca adaptação às mudanças nos ambientes interno e externo.

FASE 2: Ocorre inicialmente rompimento com a fase 1 e surge parâmetros de comparação entre a empresa e as organizações similares. Nesse interim a empresa busca se apropriar das melhores práticas das empresas do setor apresentando, portanto, neutralidade externa.

FASE 3: Nessa fase a empresa faz parte do “grupo das melhores” e aspira ser a melhor do mercado. Para isso, busca entender perfeitamente seus concorrentes, e realizar planejamento e controle da produção que minimize os problemas gerando diferencial competitivo. Através de uma estratégia plausível a produção busca o “apoio interno”.

FASE 4: As organizações na fase 4 atribuem a produção como a base de seu diferencial competitivo. Também a estratégia é fortemente alinhada com a produção com influencia mutuas.




OS OBJETIVOS DE DESEMPENHO

No processo produtivo, as operações precisam satisfazer os stakeholders (a sociedade, os fornecedores, os consumidores, os acionistas, os empregados, etc.) com pelo menos cinco objetivos de desempenho básicos para qualquer operação produtiva. São eles: qualidade, rapidez, confiabilidade, flexibilidade e custo.



QUALIDADE

Qualidade é um termo de origem latina (qualitate) e que vem sendo utilizado no ambiente organizacional e no mercado para designar um conjunto de atributos que se refere ao atendimento das necessidades dos clientes e ao padrão de produtos e serviços disponibilizados pelas organizações. Qualidade é, portanto, função dos atributos percebidos pelo individuo:

Onde : a1 ,a2,... an =atributos do produto/serviço.

Atributos da qualidade:

a) O MORAL denota o estado de espírito do trabalhador, considera-se que o colaborador deve estar inserido em um clima de motivação e boa vontade. O moral é o elemento mais importante de uma organização, já que se configura como o alicerce para que os outros elementos possam existir.

b) QUALIDADE INTRÍNSECA refere-se à qualidade dos produtos e serviços da organização. Nas tecnologias os produtos devem estar de acordo com as especificações previstas e dentro dos parâmetros prometidos. Qualidade intrínseca diz respeito às características inerentes às tecnologias e produtos e/ou serviços prometidos aos clientes que os solicitam.

c) ENTREGA. Os clientes esperam que o produto seja entregue na hora certa, no local certo e na quantidade certa.

d) CUSTO. As tecnologias devem propiciar ao cliente o maior custo-benefício possível.

e) SEGURANÇA. Esse elemento deve ser entendido tanto como segurança interna, no processo produtivo, como segurança externa, traduzida como a garantia de segurança aos usuários das tecnologias, produtos e serviços.


A organização somente garantirá sua sobrevivência se aplicar os cinco atributos da qualidade abaixo.

Abaixo algumas vantagens da qualidade:

• Reduz custos: evita erro e consequentemente menor será o tempo dispendido em sua correção;

• Aumenta a confiabilidade



RAPIDEZ

Rapidez é o tempo de espera do consumidor para receber o produto / serviço. A rapidez enriquece a oferta. Quanto mais rápido atendemos as necessidades dos consumidores, maiores serão as chances desse consumidor voltar a comprar o produto / serviço. A rapidez na tomada de decisões, na movimentação de materiais e no fluxo de informações é fundamental para uma resposta rápida aos consumidores. Rapidez é questão de vida ou morte: o serviço de emergência que o diga.

Vantagens da rapidez:

• Reduz os estoques;

• Reduz o risco.



CONFIABILIDADE

Confiabilidade é fazer as coisas a tempo para os consumidores receberem seus produtos/serviços de acordo com o prometido. Consiste em atender as expectativas de uso de um equipamento ou processo. Seus principais indicadores são: nível de atraso dos pedidos, tempo médio entre falhas e disponibilidade de equipamentos.

Vantagens da confiabilidade:

• Economia de tempo: aumentar a confiabilidade implica em redução de erros e, consequentemente, o tempo gasto na reprogramação de serviços ao cliente;

• Economia de dinheiro: a ineficácia no uso do tempo se transforma em custo operacional extra. A reprogramação da produção força a alocação de mão-de-obra, equipamentos e peças para corrigir problemas devido à baixa confiabilidade. Logo, aumentando a confiabilidade, reduzimos custos.

• Geração de estabilidade: se todas as partes que compõem uma operação for confiável não haverá surpresas no processo e teremos alto grau de previsibilidade. A isto damos o nome de estabilidade.



FLEXIBILIDADE

Flexibilidade é a capacidade de alterar as condições de operação em função da demanda. No processo produtivo existem quatro tipos de flexibilidade:

• Flexibilidade de produto/serviço: é a capacidade de produzir novos produtos e/ou serviços.

• Flexibilidade de composto (mix): significa a capacidade de produzir ampla gama de produtos e serviços.

• Flexibilidade de volumes: representa a habilidade de se produzir em diferentes quantidades em função da demanda.

• Flexibilidade de entrega: é a capacidade de alterar a programação da entrega do produto / serviço. Na prática, significa antecipar ou postergar a entrega para atender a solicitação do cliente.

Vantagens da flexibilidade:

• Agiliza a resposta;

• Economiza tempo;

• Mantém confiabilidade.



CUSTO

Produzir muito com pouco é um desafio. Para as empresas que competem em preço, a redução de custos permite oferecer aos clientes seus produtos e serviços a um menor preço. Por conseguinte, o custo mínimo é um objetivo atraente universalmente. Os principais custos de uma organização são:

• Custo de materiais;

• Custo de mão-de-obra;

• Custos de instalações, tecnologia, equipamentos, etc.

Como já vimos os objetivos de produção descritos anteriormente contribuem para a redução dos custos.