Por: Bráulio Wilker

Bases da Microeconomia

Microeconomia é a parte da ciência econômica que se dedica ao estudo do comportamento das unidades de consumo que são representadas pelos consumidores; as empresas e suas produções bem como seus custos; a produção, os fatores de produção e os preços de produtos e serviços. Busca entender como as unidades individuais da economia ( produtores, consumidores, trabalhadores, etc.) agem e reagem uns sobre os outros. Diferentemente da Macroeconomia, que estuda a evolução da economia como um todo (como taxa de juros, estoque de moeda, câmbio, etc.) apresenta uma visão microscópica dos fenômenos econômicos. Abaixo os principais tópicos de Microeconomia:
  • Teoria da Demanda: estuda a demanda do consumidor individual e a demanda do mercado;
  • Teoria da oferta: estuda a oferta individual e de mercado, a Teoria de Produção e a Teoria dos Custos de Produção;
  • Análise das Estruturas de Mercado: debruça-se sobre o Mercado de Bens e Serviços ( oligopólio, monopólio, concorrência monopolística, e concorrência perfeita ) e o Mercado de fatores de produção (concorrência perfeita, monopsônio, oligopsônio);
  • Teoria do equilíbrio geral e do bem-estar;
  • Externalidades.

Teoria Elementar da Demanda

Demanda é a quantidade de um determinado produto ou serviço que os consumidores desejam adquirir num determinado período de tempo. Portanto, trata-se de um desejo, um plano. Mostra o máximo que um consumidor pode aspirar considerando o preço e sua renda.

Por ser um desejo de adquirir, é uma aspiração, um plano, e não a sua realização. Não se deve confundir demanda com compra, nem oferta com venda. Demanda é o desejo de comprar, oferta é o desejo de vender. A demanda se expressa por uma determinada quantidade em um dado período. Desta forma, dizemos que Rosângela deseja adquirir 5Kg de arroz por semana, e não que Rosângela procura 5Kg de arroz.

A análise da demanda se assenta no conceito subjetivo de utilidade. A utilidade é o grau de satisfação proporcionado pela aquisição de bens e serviços disponíveis no mercado. A Teoria do Valor Utilidade afirma que o valor de um bem se forma pelo grau de satisfação (proporcionada pelos bens econômicos ) do consumidor. Em outros termos, o produto ou serviço que satisfaz os clientes são os mais procurados ( possuem maior demanda). Essa é uma visão utilitarista em que prevalece a soberania do consumidor.

A Teoria do Valor Trabalho afirma que o valor de um bem é determinado do lado da oferta, mediante a incorporação dos custos de trabalho ao bem. A Teoria do Valor Trabalho é objetiva, pois considera os custos produtivos envolvidos.

Pode-se dizer que a Teoria da Utilidade e a Teoria do Valor Trabalho se complementam, pois não é possível predizer o comportamento dos preços somente pelos custos, ou somente pela demanda (padrão de gostos, hábitos, renda, etc.)

Determinantes da procura individual:
  • Preço do produto ou serviço;
  • Preço dos outros bens;
  • Preço dos bens complementares
  • Renda do consumidor;
  • Preferência do individuo.
Matematicamente:


Dx = f (Px, P1, P2, P(n-1), Pc, Pi, R, G)
Dx = demanda de x/t (x/t significa num dado período)
Px = preço de x/t
Pi =preço dos bem concorrentes/t
R = renda/t
Pc = preço dos bens complementares
G = preferencias/t

A fim de estudarmos como cada fator condiciona a demanda é preciso fazer simplificações, pois o estudo de todas as variáveis em conjunto é bastante complexo e exigiria ferramentas matemáticas muito elaboradas. Por isso, a Microeconomia é parcial. Para analisar um mercado isoladamente, supomos todos os demais mercados constantes. Em outras palavras, fazemos uso da condição Ceteris Paribus, expressão latina que significa tudo o mais constante. Pela condição Ceteris Paribus verificamos o efeito de variáveis isoladas, desconsiderando o efeito de outras variáveis.



Demanda e Preço

A demanda é inversamente proporcional ao preço de um bem. Matematicamente, temos:


Dx = f (Px )


Quando há redução de preço, este se torna mais atrativo em relação a seus concorrentes e, assim, os consumidores aumentam o seu desejo de comprá-lo. De outra parte, quando o preço cai o individuo ganha poder de compra em termos reais. Ganhando poder de compra aumenta suas demandas. Por conseguinte, quando o preço de um bem ou serviço cai, a demanda aumenta.

Esta teoria é plausível e já foi testada em diversos produtos e serviços. Só há uma limitação: tudo o mais constante.



Procura de um bem e preço de outros bens

Matematicamente:

Dx = f (Pi )

Nesta função não temos uma relação geral: a valorização do bem i poderá aumentar ou diminuir a demanda do bem x. Dependerá da relação entre os dois bens. Existem dois casos possíveis:

  • Quando o preço do bem i aumenta, aumenta a demanda do bem x. Dizemos que os bens x e i são concorrentes ou substitutos. Os bens concorrentes são os que guardam relação de substituição. O consumo de um exclui o consumo do outro. Exemplos: manteiga e margarina, chá e café, etc.
  • Quando o aumento no preço do bem i gera queda na demanda do bem x. Dizemos que os bens x e i são complementares. Exemplos: pão e manteiga, automóvel e gasolina.


Demanda e Renda

A demanda é diretamente proporcional à renda. Quanto maior a renda maior a procura por bens e serviços. No entanto, como em quase todas as boas regras, essa admite exceção. Um indivíduo pode estar satisfeito com o consumo de um determinado produto ou serviço e, por isso, não altera a quantidade consumida por unidade de tempo quando há acréscimos em sua renda.


Demanda e preferências do consumidor

As preferencias ou gostos dos consumidores é algo de natureza subjetiva. No entanto, são passíveis de manipulação pela mídia ( propaganda e campanhas publicitarias). Existem campanhas para aumentar ou diminuir o consumo de determinados bens e serviços.



Demanda de mercado

Entende-se por demanda de mercado a soma das demandas individuais. As alterações na condição Ceteris Paribus ocasionam deslocamentos na demanda individual e, consequentemente, na demanda de mercado.



Teoria da Oferta 

Definimos oferta como a quantidade de um determinado produto ou serviço que os produtores desejam vender por unidade de tempo. De maneira similar a demanda, a oferta depende vários fatores que serão analisados abaixo.

A oferta depende do preço, admitindo o coeteris paribus, quanto maior o preço, mais rentável será a sua venda. A oferta também depende do preço dos fatores de produção. Produtos que precisam de muitos fatores de produção são naturalmente mais caros, ao passo que aqueles que empregam poucos fatores de produção terão menor custo e, por isso, maior oferta.

Alterações no preço acarretam variações de lucratividade, relativa da produção e, consequentemente variações nos níveis de ofertas de diferentes mercadorias. Da mesma forma, alterações nos métodos e tecnologias de produção acarretam mudanças na lucratividade e na oferta de produtos e serviços. Além desses fatores, a oferta de um bem pode ser alterada em função do preço dos demais bens produzidos.


Matematicamente:


Ox = f ( Px, P1…P(n-1), π1, π2, πm, T )

Onde:

Ox = oferta do bem x / t
Px = preço do bem x / t
Pi = preço do bem i, i = 1, 2, 3, .... m
T = tecnologia
O = objetivos e metas do empresário


FUNÇÃO GERAL DA OFERTA:

  • (∆Ox) / (∆Px) > 0 : Se o preço de um bem aumenta, as empresas sentem-se estimuladas a produzirem mais. Ao produzirem mais, aumentam os custos de produção e o preço também aumenta, ceteris paribus.
  • (∆Ox) /(∆πj ) < 0 : Se o preço de um fator de produção (matérias-primas, mão-de-obra, energia, etc) aumenta, diminui a oferta dos bens que tem produção limitada pelos fatores de produção.


Equilíbrio de Mercado

O equilíbrio de mercado ocorre quando a quantidade de produtos e serviços que os consumidores desejam comprar é exatamente igual a quantidade de produtos e/ou serviços que os produtores querem vender. Em outras palavras, não há excesso ou falta de demanda ou oferta. Existe coerência de desejos. Em mercados concorrenciais os mecanismos de preço tendem naturalmente ao equilíbrio.