Por: Bráulio Wilker
O Sistema Toyota de Produção ( TPS--Toyota Production Sistem, ou Lean Production ) é uma filosofia de gerenciamento que visa maximizar a performance, flexibilidade e competitividade por meio da redução de desperdícios e, assim aumentar o lucro.
O Sistema Toyota de Produção ( TPS--Toyota Production Sistem, ou Lean Production ) é uma filosofia de gerenciamento que visa maximizar a performance, flexibilidade e competitividade por meio da redução de desperdícios e, assim aumentar o lucro.
A melhor maneira de aumentar a performance é reduzir as ineficiências de produção. E o sistema Toyota busca incessantemente soluções para essas ineficiências através da eliminação das fontes geradoras de desperdícios.
Para o engenheiro Taiichi Ohno, idealizador do sistema Toyota, as perdas podem ser classificadas em sete grandes grupos, são eles:
1. Perda por superprodução;
2. Desperdício de material em espera no processo;
3. Desperdício de transporte;
4. Desperdício de processamento;
5. Desperdício em movimentação nas operações;
6. Perdas pela produção de produtos defeituosos;
7. Perdas de estoque.
PERDA POR SUPERPRODUÇÃO
A superprodução é uma das maiores fontes geradoras de desperdícios e é a mais difícil de ser eliminada. Existem dois tipos de superprodução: a quantitativa e a antecipada.
• Superprodução quantitativa: ocorre quando se produz além do que é solicitado, em outras palavras, mais que um lote de produção econômico. Por exemplo, um cliente faz um pedido de 480 peças e o fabricante resolve produzir 580 peças. Ao final do processo o excedente ficará em estoque.
• Superprodução por antecipação: ocorre quando a empresa decide fabricar o produto antes de sua solicitação. Exemplo: uma fabrica decide antecipar sua produção por 45 dias, logo haverá um consumo antecipado de mão-de-obra, matéria-prima, energia e espaço físico necessário para o armazenamento desse material por 45 dias.
As principais consequências da superprodução para as organizações são:
• Estoques intermediários;
• Lead Time alto;
• Baixo comprometimento com a qualidade;
• Alto custo de estocagem;
• Dificuldade de identificação e gerenciamento de materiais, etc.
Em vista disso, o Sistema Toyota de Produção nos ensina que se deve produzir somente o necessário, o suficiente para atender as necessidades de utilização e processamento.
As causas da superprodução relacionam-se a falhas nos processos produtivos, tais como:
• Erro de calculo na determinação da demanda e no planejamento da produção;
• Baixo grau de confiabilidade dos equipamentos, o que leva a empresa a produzir mais do que o necessário;
• Longo período de setup ( preparação de maquinas e equipamentos na linha de montagem ). Maior tempo de setup leva a empresa a produzir mais para compensar o tempo em que a máquina ou linha de montagem fica parada;
• Deficiências de qualidade nos processos de fabricação, o que acarreta refugos e retrabalhos;
Com o intuito de minimizar as perdas por superprodução pode-se implementar as seguintes ações:
• Realizar dimensionamento adequado da demanda bem como análises realistas do mercado e consumo. Em outras palavras, a produção deve ser “puxada” pelo consumo e não “empurrada” pela oferta ao consumidor.
• Implementar sistemas de manutenção (preventiva, preditiva e corretiva ) e Total Productive Maintenance com o proposito de aumentar a confiabilidade e performance;
• Elevar o grau de qualidade nos processos;
• Implementar um sistema de troca rápida de ferramentas, etc.
DESPERDÍCIO DE MATERIAL EM ESPERA NO PROCESSO
Ocorre quando o material adquirido fica parado a espera de seu processamento. Quando parte do material foi processado, o restante fica a espera da disponibilidade dos equipamentos para a finalização de seu processamento.
Existem basicamente três tipos de perda por espera:
1. Perda por espera no processo: um lote fica a espera do processamento do lote anterior até que o operador e os equipamentos estejam disponíveis;
2. Perda por espera do lote: ocorre quando as peças processadas de um lote aguardam o processamento das restantes para que possam passar para a operação seguinte. Exemplo: um lote de 2000 peças começa seu processamento e esta na primeira peça, após ser processada ela fica a espera das 1999 restantes, pois somente com o lote completo se passa para a próxima operação.
3. Perda de espera do operador: ocorre quando a peça tem de esperar a disponibilidade do operador.
Principais causas de desperdício de material em espera na produção são:
• Gargalos de produção;
• Layout inadequado aos processos de produção;
• Ausência de sincronia na produção;
• Lote de produção maior que as necessidades de consumo.
Procedimentos para redução do desperdício:
• Redução dos gargalos de produção;
• Planejamento e definição do arranjo físico adequado para melhorar o fluxo de produção;
• Implementação de ferramentas do estudo de tempos e métodos;
• Dimensionamento dos lotes de produção a fim de que sejam os menores possíveis.
DESPERDÍCIO DE TRANSPORTE
Perdas de transporte relacionam-se com a movimentação de mercadorias ao longo do processo ( desde o recebimento até a expedição )e que geram custos e não agregam valor ao produto. Portanto, deve-se reduzir esses desperdícios pela eliminação da movimentação entre as linhas ou outras áreas do processo.
As causas principais do desperdício de transporte são listadas abaixo:
• Movimentação desnecessária e não programada;
• Sistemas inadequados de transporte;
• Inadequação do layout fabril.
Para eliminar esse tipo de desperdício, sugiro:
• Movimentar o material o mínimo possível com a máxima capacidade possível;
• Mecanizar e automatizar os transportes de forma a reduzir os custos e aumentar a produtividade;
• Melhorar o layout: aproximar o estoque de material dos postos de trabalho e etapas de processamento; eliminar contrafluxo de materiais, facilitar acesso a as áreas de abastecimento.
DESPERDÍCIO DE PROCESSAMENTO
Ocorre quando o processamento encontra-se aquém do estado ideal ou quando são realizadas ações desnecessárias para que o produto atinja as especificações do projeto.
Causas das principais perdas de processamento:
• Erros no dimensionamento de máquinas e equipamentos;
• Erros no projeto de produto que ocasionam operações adicionais desnecessárias durante a produção;
Para minimizar as perdas de processamento o gestor pode tomar as seguintes medidas:
• Melhorar a metodologia e os parâmetros dos processos;
• Utilizar engenharia e análise de valor com foco no projeto de produto para simplificar a estrutura do produto, mas mantendo suas funcionalidades e qualidades.
DESPERDÍCIOS EM MOVIMENTAÇÃO NAS OPERAÇÕES
Correspondem a operações inúteis nas linhas de fabricação ou nas maquinas. Logo, deve-se eliminar todo e qualquer movimento desnecessário. Sabe-se que a produtividade é inversamente proporcional ao tempo em que se executam ações que agregam valor ao produto. Portanto, quanto menor for esse tempo, maior será a capacidade produtiva.
As principais consequências da movimentação desnecessária nas operações são: superdimensionamento da mão de obra, aumento dos tempos de ciclo, desbalanceamento das linhas de produção, alta fadiga dos operadores e baixa produtividade.
Causas da movimentação desnecessária:
• Execução das operações de forma desorientada;
• Inadequação do layout;
• Analise equivocada dos movimentos e, consequentemente, má distribuição das tarefas nas linhas de fabricação;
• Ausência de parâmetros e do tempo padrão para o operador comparar o seu ritmo de trabalho;
• Desenvolvimento inadequado de racks de componentes ou materiais usados na produção.
A fim de evitar esses desperdícios as seguintes ações podem ser tomadas:
• Elaborar roteiro de trabalho para que esse ocorra de forma sequenciada;
• Facilitar o escoamento de peças e melhorar o layout;
• Definir o tempo de ciclo padrão e o tempo máximo de cada atividade;
• Eliminar ações que não agreguem valor ao produto;
• Adequar os postos de trabalho às normas da ergonomia.
DESPERDÍCIO POR FABRICAÇÃO DE PRODUTOS DEFEITUOSOS
São desperdícios decorrentes da fabricação de produtos que não atendem as especificações mínimas de qualidade e do projeto gerando retrabalhos, refugos ou itens suspeitos. A fabricação de produtos defeituosos tem consequências negativas, tais como: desperdício de material, movimentação e armazenagem de produtos defeituosos, retrabalhos e reinspeções, tempo de mão-de-obra produtiva, tempo de equipamentos não produtivos e baixa qualidade dos produtos.
As perdas por defeitos têm como principais causas:
• Baixa confiabilidade dos equipamentos;
• Pouca qualificação dos operadores na realização de inspeções de processos e produtos;
• Alta variabilidade de processos e de matéria-prima;
Principais medidas para eliminar produtos defeituosos:
• Implementar o controle estatístico da qualidade;
• Implementar sistemas a prova de erros;
• Realizar inspeção e ensaio de matérias-primas antes da liberação para o processo;
• Manter o operador sempre atualizado por maio de reciclagens e cursos
• Inspecionar máquinas e equipamentos .
DESPERDÍCIOS DE ESTOQUE
Os desperdícios de estoque representam custo elevado, problemas de controle e gestão de estoques, grandes áreas ocupadas e grandes distâncias entre processos.
A maior dificuldade em combatê-los se deve a aparente “vantagem” que proporcionam ao minimizar problemas de sincronia entre os processos. Em vista disso, mascaram inúmeros problemas de qualidade e anomalias organizacionais. A melhor maneira de combatê-los é eliminar as razões pelas quais se faz necessário mantê-los.
As principais causas do desperdício de estoque são:
• Péssimo dimensionamento dos lotes e altos tempos de troca de ferramentas;
• Desequilíbrio entre produção e demanda;
• Desperdícios de superprodução geradores de estoques;
• Estoques para compensar esperas.
Ações para evitar esse tipo de perda:
• Melhorar layout;
• Aperfeiçoar o lead time;
• Produzir em pequenos lotes;
• Realizar sincronização e balanceamento dos fluxos de trabalho;
3 Comentários
REFERENCIAS?
ResponderExcluirMuito bom.
ResponderExcluirDe forma clara nos mostra qual o caminho a percorrer.
Muito detalhado, perfeito.
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